segunda-feira, 21 de junho de 2010

Letramento digital

No mundo atual, da tecnologia, o que significa saber ler? Sabemos que não é simplesmente dominar o código linguístico. Porque o mundo se apresenta em diversas formas de leitura: linguagem verbal, imagens, sons, vídeos. E todas essas formas interrelacionam-se e compõem-se em uma unidade que se faz necessário ter diversas habilidades para ser um leitor competente. E o termo utilizado que explicita essa competência é letramento digital. Dessa forma, o que é ser um letrado digitalmente?


Percebe-se que saber ler é um ato social e com o surgimento da tecnologia essa questão ficou mais evidente. Dessa forma, o processo de aprendizagem de utilização dos diversos gêneros textuais e suportes não pode ser somente uma prática educacional tradicional de mostrar que tal suporte existe e que tem determinada estrutura, mas também salientar sua função social e como pode ser inserido no cotidiano das pessoas. E para tal, é necessário que cada um desenvolva a criticidade para escolher os recursos que são úteis para facilitar e auxiliar nas atividades diárias.


Outra questão em relação a tecnologia é como ser letrado digitalmente em um ambiente que muda de forma tão rápida ? Assim, o importante não seja ensinar cada recurso existente, porque vários outros estão surgindo, mas desenvolver habilidades para interagir e descobrir, de forma autônoma, o funcionamento de cada novidade. Porque todos os recursos tem uma parte que remete a conhecimentos já consolidado nos leitores letrados e, assim, não se torna algo totalmente estranho. Como afirmam Dias e Novais (2009)


Para além das habilidades técnicas, é preciso também que o indivíduo desenvolva habilidades de análise crítica e participação ativa nos processos de interação mediados pelas tecnologias digitais. A interação em ambientes digitais exige uma gama de conhecimentos muito ligados à cultura digital. Tanto as habilidades motoras quanto as habilidades linguísticas são importantes para o letramento digital, mas é preciso um conhecimento que extrapola esses domínios, que é social, cultural, aprendido com a prática, com as vivências e com outras experiências.

Torna-se claro que para o leitor realizar todas essas atividades de forma competente é necessário desenvolver habilidades específicas. As instituições elaboram matrizes de ensino e de avaliação para nortear o trabalho de forma mais objetiva e consciente. Nas matrizes atuais, não há ainda a questão tecnológica. Porém, há profissionais que já estão pesquisando e elaborando matrizes que contemplam a questão digital. Um exemplo é a Matriz de Letramento Digital proposta por Marcelo Dias e Ana Novais. Essa matriz é muito interessante, porque tenta abarcar todas as habilidades necessárias para se tornar um letrado digital.

Em relação à tecnologia, é importante dominar a parte física, o hardware, para ter acesso aos textos e informações. E é feita de uma forma muito bem organizada nessa matriz como o ponto de partida. Obviamente que os outros pontos como busca e análise de informação, leitura e produção de textos em ambientes digitais podem e são trabalhos de forma simultânea, o que muda é o grau de dificuldade. Dessa forma, apesar de se apresentar os descritores em tabelas, percebe-se que não é algo acabado, que tem o potencial de expansão e de simultaneidade.

A partir daí, surge à questão: qual o ambiente propício para esse aprendizado? Acredito que há alguns espaços. O primeiro, que considero mais importante, é a escola. Por ser a base educacional e assim é o ambiente para desenvolver todas as habilidades. O problema que dificulta o ensino da tecnologia é a falta de profissionais da educação preparados para promover o letramento digital e, também, a precariedade na estrutura física da escola. Essas iniciativas de elaboração de matriz de letramento digital são importantes nesse ambiente, já que auxilia o professor a elaborar suas atividades e a pensar o que é interessante para os alunos e ao longo de sua prática pode até contribuir para a expansão e melhoria dessas matrizes.

Outros ambientes são os espaços comunitários como lan houses e projetos de inclusão digital. Um projeto interessante é o Comitê para Democratização de Informática (CDI) cujo objetivo é “transformar vidas e fortalecer comunidades de baixa renda através da capacitação nas tecnologias da informação e comunicação e de um aprendizado complementar voltado à prática da cidadania e do empreendedorismo”. E nesse espaço, a própria comunidade se organiza e constroem o conhecimento em conjunto. O vídeo abaixo, por fim, é outro de exemplo lan house como espaço de conhecimento.


Referências

RIBEIRO, Ana Elisa e COSCARELLI, Carla Viana. Matrizes de habilidades e leituras digitais. Educação em Revista.
DIAS, Marcelo Cafiero; NOVAIS, Ana Elisa Novais. Por uma matriz de letramento digital. III Encontro Nacional Sobre Hipertexto. Belo Horizonte, CEFET- MG, 2009. Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/hipertexto2009/anais/p-w/por-uma-matriz.pdf