quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Podcast" na aula de Português

O professor Jorge Luiz Marques Moraes, do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, decidiu trabalhar a oralidade com os alunos do 9º período e escolheu a ferramenta Podcast para esse trabalho. Antes de apresentar a atividade desse professor, gostaria de explicar do que se trata essa ferramenta. Segundo a revista Nova Escola, o podcast é uma abreviação da palavra podcasting, uma brincadeira originária da mistura de iPod (marca de um tocador) com broadcasting (transmissão de rádio ou TV) e assim, como os programas radiofônicos, tem a função de apresentar e transmitir conhecimento.
O professor escolheu Ariano Suassuna para trabalhar leitura e interpretação, com foco nas marcas da oralidade e assim produzir um programa radiofônico. A escolha desse autor não foi por acaso, já que seus textos têm uma forte marca da oralidade com personagens de fala nordestina. Portanto, nesse trabalho os alunos transitaram da fala para a escrita e vice-versa a todo o momento, o que é fundamental para a habilidade lingüística.
Dessa forma, o professor destaca que o ensino da oralidade não é algo simples como é tratado pela maioria dos educadores. Por exemplo, a partir dessa atividade, os alunos perceberam que, ao ler uma peça teatral de Suassuna, os diálogos são mais curtos para fácil entendimento do público diferentemente de um romance. Além disso, na elaboração de uma simulação de entrevista com autor, os alunos perceberam a importância da entonação, ritmo, altura da voz, a melhor seqüência de perguntas, quais as palavras são mais adequadas. Além disso, os alunos aprenderam a trabalhar com os recursos da internet e com os ferramentas para a gravação dos programas radiofônicos, como os de capitação de voz e de edição.

Referência
BIBIANO, Bianca. Casamento Proveitoso. In: Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 223, p. 64-67, jun./jul.2009.

Site

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A ortografia e o endereço eletrônico

Vou inaugurar meu blog com uma pesquisa que foi publicada em forma de artigo no livro Letramentos na WEB: Gêneros, Interação e Ensino organizado por Júlio Cesar de Araújo e Messias Dieb.
As pesquisadoras são Márcia Maria Ribeiro, especialista em Ensino de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Ceará (UFCE), pedagoga pela UNIFOR; e Dorotéa Emília Ribeiro Sayed, graduada em Letras pela UFCE, membro do grupo de pesquisa Hiperged vinculado ao PPGL da UFC. Ambas são professoras da rede particular de ensino do Ceará.
O objetivo principal da pesquisa é observar e analisar as contribuições da utilização do endereço eletrônico para o aprendizado da ortografia por alunos das séries iniciais da educação básica. Essa pesquisa está em andamento desde 2004, as autoras apresentaram resultados de sete crianças que elas acompanharam num período de três anos.
No principio, as pesquisadoras elaboraram diversas atividades de leitura e produção de textos reais e significativos: elaborar entrevistas a profissionais que iriam visitar os alunos na sala de aula, visitar zoológico e escrever relatórios sobre a visita, escrever cartas para receptores reais. E durante a produção dos textos, as professoras-pesquisadoras falavam para os alunos sobre a importância de releitura e reescrita dos textos elaborados, mas os alunos não recebiam essas propostas de forma amigável. Eles afirmavam que já tinham escrito o texto e estava tudo certo e que não iriam desmanchar e reescrever, as professoras atribuíram essa atitude por perceberem que a relação dos alunos com o lápis e a borracha era recente e que a manipulação intensa era cansativa.
A partir daí, surgiu a idéia de utilizar os sites infantis e praticar a escrita na WEB, dessa forma, as autoras conseguiram fazer um ensino reflexivo com a ortografia e criar nos alunos o hábito de revisão da escrita.
Os alunos tinham que digitar os endereços eletrônicos, os quais tem característica de exatidão da escrita, dessa forma, os alunos tinham que escrever observando atentamente cada letra e ponto para que o site fosse acessado, quando ocorria um erro, o aluno tinha que reler o que escreveu e corrigir seu erro.
A partir dessa prática, as pesquisadoras chegaram a algumas conclusões. À medida que as crianças foram internalizando a prática de revisão da escrita no ambiente digital, elas perceberam que isso não acontecia somente no digital, mas em suas escritas em cadernos e provas. E assim, houve a desmistificação de que a prática da escrita no computador leva ao abandono do caderno de anotações. E por fim, as crianças se tornaram mais confiantes diante do erro e passaram a encará-lo como possível e caminho para o aprendizado, ao contrario do que acontecia anteriormente, em que o aluno não escrevia com medo do erro e de ser ridicularizado.
Essa foi só uma apresentação breve da pesquisa para aguçar a curiosidade de todos.

Referência do artigo:
RIBEUIRO, Márcia Maria; RIBEIRO-SAYED, Dorotéa Emilia. “O endereço eletrônico e as praticas da escrita na WEB: ampliando a aprendizagem da ortografia”. IN: ARAÙJO, Júlio César; MEASSIAS, Dieb (Orgs). Letramentos na WEB: gêneros, interação e ensino. Fortaleza: Edições UFC, 2009.